vazio emocional

dou por mim a pensar que tudo aquilo que nos acontece, de bom e de mau, se transforma, inconscientemente, na bagagem que transportamos ao longo da vida. vem isto a propósito das desilusões que as relações, quaisquer que elas sejam, nos dão. tantas vezes a culpa não existe. ou a existir, é repartida. da mesma forma que um teimoso não o é sozinho, também a forma como nos desligamos das pessoas não é unilateral. há sempre um momento, um ponto em que alguma coisa correu menos bem. talvez levemos tempo para nos apercebermos, para aceitarmos, mas o desgaste de uma relação nunca se deve apenas a uma pessoa. 
aos 20 anos o afastamento e a desilusão são relativos, porque temos a vida toda pela frente e há tanto para conhecer que acabamos por menorizar o valor que as pessoas podem ter na nossa vida. se não de uma forma, de outra. aos 30, os lugares fazem mais sentido, os laços tornam-se mais fortes e é por isso mesmo que dói mais deixar partir [ou partirmos nós, de livre vontade ou obrigados pelas circunstâncias]. 

dou por mim a pensar que a nossa bagagem emocional é bem maior e bem mais presente do que nos apercebemos. ou gostaríamos. creio que uma única pessoa, uma única relação muda tudo, a forma como encaramos as relações e a forma como as desejamos. e de repente há um medo enorme do abismo, do não saber sentir de novo, do não querer recomeçar, do não saber como fazer quando a vida nos obriga a voltar à estaca zero. 

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