do egoísmo

hoje dei por mim a pensar em como às vezes, sem nos darmos conta, somos egoístas. queremos por perto as pessoas que nos amparam e nos acolhem num abraço, mas esquecemo-nos que este é um caminho com dois sentidos. é indiscutível o conforto que nos traz uma palavra amiga, um conselho ou simplesmente um sorriso no momento certo de alguém que foi importante na nossa vida. queremos muito, queremos tudo, todos os momentos em que é possível voltar a sentir aquela empatia e cumplicidade. sentimos o aconchego de ter novamente a mão na mão de alguém que nos conhece como ninguém, que sabe exatamente como ser um porto seguro.
esquecemo-nos porém que os momentos são efémeros e que a vida lá fora retoma. que os momentos são passageiros, mas marcam. mais uma vez em ambos os sentidos [julgamos nós]. de repente o silêncio e a ausência. como se aquele momento ficasse cristalizado no tempo e as palavras fossem ocas. de novo. como se toda a vida em redor preenchesse aquele espaço, todos os espaços. aqueles que por um ato egoísta quisemos ocupar de outra forma, sonhando com os dias em que foi assim. mas já não é.

temos que ter na vida a capacidade de deixar ir. de não [nos] prendermos [a] amarras num lugar que deixou de existir. ou, melhor dizendo, que passou a existir de outra forma. temos que saber equilibrar o passado e o presente, que por vezes se confundem numa linha ténue, difícil de gerir. temos que saber ouvir, falar ou calar nos momentos certos. temos que ter a capacidade de não confundir o que foi com o que queremos que seja. temos que construir o nosso castelo em terra, e não no ar, juntando os tijolos aos poucos, com alicerces firmes e seguros para que não desmorone mais uma vez.
e temos que, acima de tudo, respeitar o espaço do outro, dar-lhe o seu tempo e nunca, nunca mesmo alimentar[-lhe] esperanças infundadas. porque o caminho é longo, é duro e cada um sabe com que dificuldades o trilha.


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