MEC

não podia ser mais suspeita, mas não resisto a partilhar esta entrevista que o Miguel Esteves Cardoso deu à Antena 1 e que achei deliciosa. 

depois, li esta entrevista à Visão e tudo se complementa. acima de tudo, é bom ler alguém que admiramos e que demonstra tanta humildade, depois de tantos anos de carreira e de um percurso cheio de pontos altos. a exposição, como diz o autor, faz sem dúvida a diferença. mas o que mais se faz notar é esta simplicidade de conseguir reconhecer a importância das coisas simples. 

"Como escritor, não posso traçar uma linha sobre aquilo que escrevo e o que não escrevo. Não posso pensar: "Estarei a ir longe demais?" Eu quero expor-me o mais possível! Todos os escritores que admiro são os que se expõem. Ser escritor é expormo-nos. Uma pessoa tem de correr o risco de não ter graça, o risco de passar too much information [informação excessiva], ou informação íntima que não interessa absolutamente nada... Não há confissão excessiva. As pessoas podem sentir-se desconfortáveis com essa confissão, mas o dever do escritor é expor-se, expor-se, expor-se. E escrever também tem um lado de catarse e de desafio em que uma pessoa desaba à frente dos outros, desata aos gritos, a bater com os punhos de revolta, e não tem vergonha de o fazer".

Comentários

Vanessa Casais disse…
Adorei este post. Ainda ontem tive uma semi-discussão com o amor da minha vida sobre o novo livro dele, MEC, e uma entrevista que deu à SIC noticias. Eu identificava-me na sala de espera de um hospital para receber as melhores noticias do ultimo ano, não é um cancro, mas foram miomas no útero, vários e que deram grandes chatices. Estou curada! Valha-nos isso. E nisto ele diz que ele ficou menos corrosivo desde aquilo da Maria João. E eu senti isso como pessoal. É natural que fique, enfim, é um cancro, tu não ficarias? E pronto escrevi sobre isso no Limão e tem lá o link para essa outra entrevista, gosto sempre tanto de o ouvir http://primeirolimao.blogspot.pt/2014/05/primavera.html
Enjoy the Ride disse…
obrigada, Vanessa. vou espreitar. :)
nunca passei por esse susto, mas tenho outros no meu percurso (ou no de pessoas que me são próximas) e percebo perfeitamente que as pessoas mudem. no meu caso passei a ser mais tolerante, mas conheço quem tenha ficado muito magoado com a vida e isso tenha condicionado os seus comportamentos a partir daí.
o MEC é das pessoas mais generosas que tenho o privilégio de conhecer e estas entrevistas demonstram-no bem. o olhar para as coisas mais simples da vida, que todos devíamos aprender. :)