dos rituais

como tirei o curso em Lisboa, onde não existe grande tradição académica, acho que todos os rituais desse momento específico das nossas vidas, como as praxes, a bênção ou a queima das fitas, são apenas apenas isso... rituais de passagem. fui praxada quando entrei no curso, achei imensa graça ao que nos fizeram, que incluiu também uma ação solidária, mas do que eu gostava mesmo era dos jantares de turma e não desses eventos em que toda a gente se trajava [nunca quis um traje] e obedecia cegamente a estes rituais, como se fossem leis incontornáveis. tenho inclusive a pasta com as minhas fitas, mas não estive presente nem na bênção nem na queima... e não acho que isso tenha influenciado o meu percurso. :)
dito isto, confesso aqui que gostei muito de ver a minha irmã trajada e de ser madrinha dela na queima das fitas. mas gostei, porque assinala para ela um momento importante, que não se repetirá. houve um momento em que me emocionei: este ano, há poucos meses, morreu uma colega dela, de turma e do prédio, em circunstâncias absolutamente surpreendentes. uma miúda com vinte e poucos anos e com o futuro pela frente, que simplesmente morreu durante o sono. ontem, o namorado queimou as fitas por ela. estava mesmo à nossa frente e estive a observá-lo durante uns minutos, a imaginar a coragem e o amor que foram necessários para estar ali, num ambiente estranho, perante algumas largas centenas de pessoas, a prestar esta homenagem. foi um momento muito intenso, de um silêncio comovedor, só quebrado depois pelo imenso aplauso de todas estas pessoas. e, claro, indo nós logo atrás, foi um momento ainda mais emotivo.
os rituais fazem parte das nossas vidas e são importantes para nos integrarmos, para sentirmos que pertencemos a uma comunidade. ontem, apesar de continuar a pensar da mesma forma, senti-me um bocadinho parte disso. e foi bom, porque sei o quanto significava para a minha irmã.
depois houve um jantar num sítio maravilhoso, ao ar livre e com música ao vivo. até a noite estava simpática, contribuindo para que tudo fosse perfeito.

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