murro no estômago

as duas últimas semanas têm sido particularmente difíceis, com duas pessoas que, apesar de não serem particularmente próximas, desapareceram. o pai de uma amiga e um colega de trabalho. e se o primeiro tinha bastante idade e estava doente, internado, o segundo era jovem, tinha a vida toda pela frente, e morreu de forma súbita. 

tenho, sempre tive, muita dificuldade em lidar com a morte. não digo a palavra muitas vezes, talvez por superstição, e assusta-me pensar que num segundo estamos aqui, no seguinte ninguém sabe. é sempre triste perder alguém, mas acho que o choque é maior quando vemos partir inexplicavelmente alguém tão novo. um sentimento só comparável (ou quase) à perda de alguém que nos é próximo. faz-nos questionar tudo, o que ainda não vivemos, o que, por várias circunstâncias, acabaremos por não viver, as pessoas que não chegaremos a conhecer, os lugares onde não iremos, a cultura que não absorveremos. 

ver a tristeza que essa ausência provoca em nós e nos que nos rodeiam faz-nos questionar e olhar para a nossa postura perante a vida de outra forma. estes dias têm sido assim: de contemplação pelo que de melhor a minha vida tem, de reflexão sobre aquilo (e aqueles) que quero manter ou resgatar para que a felicidade possa estar em pequenos ou grandes momentos de todos os dias. que é afinal, a única coisa que interessa.

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