da liberdade

hoje dei por mim a ter uma conversa mais acesa com um amigo sobre a minha relação com terceiros. não percebi em que ponto é que a conversa descambou para ali, mas não gostei do tom de crítica. não tem a ver com a crítica em si, que, quando é construtiva, é geralmente uma coisa boa, faz-nos refletir e melhorar alguns aspetos de que não nos damos conta. 
o que me aborreceu foi a forma, aquele tom de tu-é-que-estás-errada, quando na verdade ele não sabe nada. talvez seja eu que estou numa fase em que analiso muito, penso (de)mais. mas por vezes devíamos todos parar um pouco e pensar que o respeito, por nós e pelo outro, deve estar acima de tudo. 
a educação de cada um difere com uma série de fatores e não creio [a menos que estivéssemos a falar de comportamentos reprováveis, o que não era de todo o caso] que haja certo e errado na forma como encaramos a família e/ou os amigos, bem como as relações que estabelecemos com eles. 
é sabido que os afetos não se medem nem se comparam. a conversa começou quando eu disse que ia todos os fins de semana almoçar com os meus pais e que o fazia por gosto, porque são as pessoas mais importantes da minha vida e que, independentemente de todas as questões que possamos ter, são o meu amparo, são eles quem nunca me falta. de repente, eu tinha um problema umbilical e precisava de um psicólogo. não sei como chegámos aqui. não sei sequer como se explica a alguém que o amor e o carinho não são sentimentos de culpa, são antes o retorno da educação que esta família [a minha] me deu. venho de uma família numerosa e, por mais diferentes que as pessoas sejam, temos todos este espírito da família como porto de abrigo. e sabemos que, apesar das divergências, nos unimos nos momentos difíceis, como se isso dependesse o nosso equilíbrio.
o facto de vivermos num país livre não nos dá direito a opinar sobre tudo indiscriminadamente. ele pediu desculpa. mas fiquei a pensar nesta facilidade com que olhamos a vida dos outros, com que a criticamos, sem olhar primeiro para a nossa própria casa. 

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