pensamentos soltos

é quase impossível lermos um livro ou vermos um filme e não estabelecermos paralelos com a nossa própria vida. acontece-me inúmeras vezes. 
dei comigo ontem, enquanto terminava a terceira temporada de Downton Abbey, a pensar em como a vida pode de facto trocar-nos as voltas. num instante tudo muda, já dizia o slogan de um jornal português, e muda mesmo. por muito que tenhamos um plano, que nos esforcemos por alcançar o que mais desejamos, que lutemos para cumprir os nossos objetivos, há imponderáveis que não dependem de nós. por vezes dependem de outros, outras vezes apenas da vida em si e das circunstâncias que nos são exteriores. isso é de facto assustador e saber aceitá-lo é uma virtude, que eu, confesso, tenho trabalhado para saber alcançar.
quase inconscientemente, dou por mim a fazer uma retrospetiva e a rever, como num filme, algumas das pessoas e coisas importantes que tenho perdido nos últimos anos [a época do ano é propícia a isso]. a ter dúvidas sobre atitudes que tomei, a duvidar de escolhas que fiz em determinados momentos, a perguntar-me o inevitável e-se-tivesse-agido-de-outra-forma. é difícil aceitar que as escolhas que fazemos condicionam o caminho daí para a frente. mas é afinal isso que nos define, as nossas opções e a forma como lidamos com as suas consequências. não tenho, acho eu, muitos arrependimentos. tudo o que fiz foi para defender aquilo em que acreditava e aquilo que sentia em dado momento. e se a perspetiva mudou, então as ações devem ajustar-se também.
e é por isso que todos os dias é preciso fazer pequenos reajustes no leme, para me manter fiel aos meus princípios, àquilo que sinto e defendo, mas sobretudo para manter por perto quem é realmente importante.

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