em jeito de recado

o meio em que fui educada e em que normalmente me movo é, felizmente, um meio saudável, onde as pessoas são aparentemente civilizadas. mas há momentos, duros e violentos, que são verdadeiros murros no estômago e que nos obrigam a sair da nossa bolha e perceber que todas aquelas histórias de que ouvimos falar lá longe, na televisão, são brutalmente reais e passam-se, sem que tenhamos noção disso, mesmo ao nosso lado.
não são connosco, mas são aqui tão perto que nos deixam o coração apertado e uma espécie de nó no estômago que não permite que a vida continue igual. as preocupações, embora a uma outra escala, também passam a ser nossas. torna-se imperativo ajudar, nem que seja da maneira mais simples, a possível, a que está ao nosso alcance. falamos muito, pesquisamos mais, descobrimos informação, procuramos as pessoas certas. pelo meio, receios sem fim, a sensação de impotência perante uma máquina gigantesca, a razão que obriga a mil cuidados nos passos que se seguem, o coração desfeito por não poder ser a âncora e o amparo de todos os segundos, a alma doente por este sufoco sem fim que é olhar nos olhos de alguém importante e não ter uma solução imediata. os braços que parecem sempre curtos para um abraço que não devia ter começo nem fim.
e o meu desejo é que no final de um dia próximo, alguém possa por o coração em sossego. dormir sem medos. encontrar forças para enfrentar todas as pequenas batalhas que a vida impõe. e que no final, só o amor, todo o amor, o maior amor do mundo vença, sem sequelas.

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