boa noite

ultimamente dou comigo a emocionar-me facilmente. coisa estranha esta que não me acontecia. basta uma frase num livro ou uma cena num programa de televisão. muitas vezes uma música na rádio, enquanto conduzo. 
isso diz-me que provavelmente a minha vida não está onde a idealizei. mas na verdade fazemos demasiadas suposições e poucas concessões no que diz respeito a aceitar o que a vida nos reserva. achamos que conhecemos o caminho, sabemos exatamente como traçá-lo... mas na maior parte das vezes não contabilizamos os imponderáveis e as variáveis exteriores a nós. 
a minha vida é tão banal quanto qualquer outra. e no entanto está cheia de conquistas que me valeram noites sem dormir, decisões importantes, momentos para celebrar. a minha vida é tão boa e tranquila, salpicada apenas pelos problemas que teimo em não conseguir relativizar, mas que sei que a dada altura terei que o fazer, a bem da minha sanidade mental. não carrego o mundo nos ombros nem tenho nenhuma missão para cumprir. 
é apenas a minha vida, que não é idealmente como a projetei, mas que tem tanto e tão bom que não a trocaria por nenhuma outra. 
isto tudo porque me emociono com coisas pequenas. tão pequenas e tão parvas que aposto que não encontraria mais ninguém que as partilhasse comigo. as coisas pequenas dos outros tendem a lembrar-nos aquilo que perdemos, aquilo que não temos, aquilo que nunca chegaremos a ser. e esquecemo-nos que provavelmente os outros admiram em nós, da mesma forma que os invejamos, aquilo que eles próprios não podem ser. nunca ninguém está feliz no lugar que ocupa. talvez devêssemos passar mais tempo a apreciar-nos e a valorizar-nos. certamente a nossa vida seria um lugar bem melhor para se estar.

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