das relações

não sei bem como cheguei a este post, mas identifiquei nele alguns momentos da minha vida e do caminho que tenho percorrido, sozinha ou acompanhada. é natural e saudável notarmos uma evolução em nós e na pessoa que nos acompanha. é desejável até que exista mudança, significa que não estagnámos e, por consequência, as relações também não. isso obriga-nos a ajustar, a parar e perceber o que corre ou não corre bem, o rumo que queremos tomar.
durante muito tempo achei que a minha vida se encaminhava para o lugar onde eu queria estar, com a pessoa que mais amava. não sei se algum dia fiz ou voltarei a fazer tanto, a ultrapassar tantos obstáculos, a suportar tantas dificuldades noutra situação, seja ela amorosa ou não. fi-lo sempre convictamente, porque acreditava que era ali que eu pertencia. que ambos pertencíamos: juntos.
quis a vida e as circunstâncias alheias à minha vontade que o final não fosse feliz. vivi muito tempo amargurada e revoltada, tive momentos de profundo arrependimento. creio que algures no meio deste processo, sem que me apercebesse, a minha atitude perante o que me acontecia mudou. ou foi mudando, aos poucos. apercebo-me disso em pequenas coisas, na forma de olhar para as relações, que é seguramente diferente da que era há dez, cinco, dois anos. claro que a idade nos ajuda. mas não há nada que supere a experiência que vamos acumulando. caímos vezes sem fim e encontramos forças para nos reerguermos e para lutar de novo. 
sei que aquilo em que acredito hoje está muito distante do que me fez aqui chegar. tenho muitos dias, sobretudo ao ouvir as histórias e os dramas sentimentais de pessoas próximas, em que sou incomparavelmente grata por estar sozinha neste momento. outros tenho em que me enternece ver uma mãe a empurrar um carrinho de bebé ou um casal de namorados na praia e sinto aquela inveja secreta e íntima, que não ouso confessar. 
o caminho é feito das nossas escolhas e devemos assumir total responsabilidade por elas. é sempre mais fácil culpar o outro, atribuir-lhe o fracasso e a tristeza que sentimos, mas parte da responsabilidade, metade para ser mais exata, é nossa. a partir do momento em que aceitei esta premissa, a minha vida tornou-se mais leve. deixei de questionar, de me revoltar, de gritar. se ainda tenho momentos de profunda tristeza? claro que sim. se ainda me desiludo? inevitavelmente. 
mas a vida segue e o caminho está cheio de boas pessoas que, por uma ou outra razão, acabarão por se cruzar connosco. e quem sabe ficar. e este post hoje chegou no momento certo.

“... 'not every relationship is meant to last forever'. What a big burden off my back! Of all the souls hanging out on this planet, it seems to make sense that we might have more than one soul mate floating around".


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Comentários

koklikô disse…
Mais uma vez gostei muito de ler e como diz o Ben Harper " There's so many special people in the world" ...mas sim, como dizem também os Coldplay " Nobody said it was easy" ;)
Enjoy the Ride disse…
obrigada. e vivam os Coldplay! :)
Coincidência ou não, parei aqui por acaso... E este post deixou-me a mim mais leve... Hei-de vir mais vezes.
Enjoy the Ride disse…
obrigada. :) bem vinda!