27 de junho

a coincidência é feliz. cúmplice também. o MEC não sabia quando escreveu esta crónica. nem eu até a ler, há minutos. 

É especial o aniversário de quem já poderia ter morrido, se as probabilidades fossem certezas. Aniversário nem é a palavra certa, porque pode estar associada à morte. Fazer anos pode ser mau português e pouco lógico mas está mais perto da vida e do sujeito da oração (em ambos os sentidos da palavra, não sei qual o mais intenso) do que aniversário.
Hoje é a Maria João, meu amor que me deu a sorte de gostar de ser amada por mim - e a ilusão, mais frequente do que a felicidade, de amar-me também - que faz anos, coincidindo com o dia em que nasceu, sempre o primeiro verdadeiro dia de Verão.
Parabéns, Maria João, Amada minha, rainha das minhas maiúsculas e das paciências do PÚBLICO; princesa de todos os pequenos momentos que se juntam para fazer a minha felicidade permanentemente instantânea e ameaçada.
Pensava que ias morrer e matar-me. Não só não morreste como me deixaste viver. O teu amor é a Primavera constante do meu coração mas a tua vida e o teu viver, como se não houvesse nada que te pudesse atrapalhar - tão longe da sobrevivência que inexplicavelmente é - é o ano inteiro, desde que nasci, desde a primeira vez que respirei o ar do mundo. E vivi. Facilmente. À tua espera. À espera da tua dificuldade. E do teu génio. E do teu espírito. E de tudo o que tens, sem saber, sem mostrar, sem fazer ideia do que vales, achando apenas que vales muito mais do que mereces. Merecendo, como tu mereces, tudo. Ó amada que eu amo, minha única sorte.

Miguel Esteves Cardoso, in Público, 27 de junho de 2014

Comentários

koklikô disse…
É comovente assistir a um amor assim declarado aos quatro ventos como faz o Miguel!