os elos mais fracos

a notícia dos despedimentos na Controlinveste é de ontem, mas hoje sente-se mais. como diz alguém que muito estimo, o despedimento de jornalistas não é mais grave do que o despedimento de dezenas ou centenas de funcionários de uma fábrica ou de um estaleiro que fecha. mas tem mais notoriedade. a meu ver, esta visibilidade deve ser usada, porque nenhum de nós, trabalhando numa empresa pública ou privada, está livre de que isso aconteça. esta visibilidade é um grito um pouco mais alto contra a injustiça, contra a precariedade das condições de trabalho, mas sobretudo contra a forma descartável e abusiva com que muitas empresas tratam atualmente os seus trabalhadores, esquecendo-se que são, tal como os administradores ou gestores das mesmas, pessoas com uma história, uma família, um mundo dentro de si. 
nesta selva em que se tornou a nossa sociedade não há, suponho, diferença entre as pessoas quando são tratadas como lixo. não há lixo melhor do que outro. é apenas lixo, que é preciso despachar. ao ler este texto, este ou ainda este, fica-me a sensação de já não ter vivido num mundo em que as pessoas, com todas as suas qualidades importavam. ou aquelas que, tendo uma personalidade vincada [já ninguém lhes chama defeitos, pois não?], eram adaptadas a lugares onde essas características fossem evidenciadas como pontos fortes. já não conheci as empresas a sério, em que era notório [julgo que não será necessário nenhum curso para o perceber] que os trabalhadores motivados [e não falo apenas de dinheiro] seriam mais produtivos. 
este caminho que estamos a trilhar não é novo, é apenas como tudo na História: um ciclo. infelizmente, parece que não aprendemos nada ou temos memória curta. os ciclos repetem-se e tornamos sempre aos mesmos lugares. alguns, infelizmente, onde todos sabemos que ninguém foi feliz. 

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