andamos todos ao mesmo

uma tempestade ao som deste disco

"tenho uma certa paixão por tempestades. porque são românticas, na maneira como levam ao limite a tensão (vibração) entre os elementos. aliás, romântico é amar durante uma tempestade. a chuva lá fora, o vento a bater na janela, o quarto que escurece naquele cinza vermelho de fim de tarde. o abraço fica mais próximo e o lençol - num misto de arrepio e frio -, esconde o desejo dos corpos nus. quase escuro, são os raios que nos iluminam o rosto, preso no olhar do outro, a respiração que se confunde com os trovões, o chão que estremece, seja lá do que for. a tensão sobe, grita-se, sente-se, entrega-se, ama-se. ama-se muito. e depois? depois a tempestade vai. os corpos sossegam, exaustos da energia solta, da tensão que se libertou. e a tempestade vai embora, lentamente, e deixa atrás um olhar limpo, um lábio mordido num sorriso, e um silêncio, a dois, olho no olho, que diz tudo sem precisar falar". 

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