a beleza das coisas frágeis

descobri este livro n' O Blog do Desassossego, há um ano. depois de ler a sinopse, foi diretamente para a minha lista de livros-que-tenho-mesmo-que-comprar. e não me arrependi. trouxe-o para casa na Feira do Livro, mas só o comecei a ler há cerca de dois meses. não é um livro nada fácil, já que gira em torno de uma família e das feridas que cada um, a viver em diferentes cantos do mundo, carrega. sejam elas de uma infância infeliz ou de uma juventude difícil, que os tornam necessariamente adultos com vivências muito particulares. um dia, o pai morre. e é esse acontecimento que vai voltar a reuni-los e os obriga a encarar os seus fantasmas. 
precisamente por não ser uma leitura descontraída, a que só consegui ceder por completo depois de meio livro, houve muitas noites em que me recusei a pegar-lhe. é um livro que obriga a muita concentração e inevitavelmente a estabelecermos paralelismos, em determinados momentos, com as nossas próprias vidas. ganhem coragem e leiam, porque livros que mexem connosco, que não nos deixam indiferentes, valem sempre a pena.

"Naquela noite, ele permaneceu calado, com a face dela encostada ao seu peito, pensou num fim e quis chorar. (...) De manhã, perguntou-lhe se podiam manter segredo e não dizer a ninguém, se podia ficar 'só entre eles'. O que ele realmente queria dizer era: 'Não morras, não fiques fria comigo, que o teu coração não deixe de bater por mim', mas sabia que era inútil. Agora está de pé junto à porta neste intervalo do seu relacionamento e pensa o que já pensava no quarto antes: que não suporta a ideia de vir a perdê-la, de vê-la afastar-se mais ou de sentir ele próprio a afastar-se dela, como tem feito nos últimos dias, mas também que 'em frente' ou 'mais próximos' são as suas únicas opções, não 'voltar atrás', como ele esperava conseguir, que eles não podem desfazer o que o tempo criou."

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