dos planos

tenho aprendido ao longo dos anos que fazer planos é inútil. a vida acaba sempre por nos mudar o rumo, umas vezes para melhor, outras apenas mostrando caminhos diferentes. se o meu plano, que era na verdade um sonho, se tivesse concretizado como o idealizei, no passado dia 19 estaria a comemorar uma data importante. não houve comemoração, porque o sonho não se tornou realidade.
confesso que não é sempre de ânimo leve que aceito os caminhos alternativos que a vida me impõe, sobretudo aqueles que não me fazem sentido. há peças, muitas peças, que não encaixam e tenho muita dificuldade em viver com aquilo que não compreendo. mas aprendi que os obstáculos nos fortalecem e que devemos ter serenidade para aceitar aquilo que não podemos mudar, porque simplesmente não depende de nós.


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vem isto a propósito de uma viagem que estou a planear. o destino ainda não está fechado, mas todos os lugares paradisíacos que estão em discussão parecem pertencer a todas as viagens que não fiz. é inevitável sentir saudades do que não vivemos. diria mais, as saudades do que não foi são infinitamente maiores do que todas aquelas a que a memória nos ajuda a recorrer. uma ilha grega ou uma praia tailandesa têm muito menos significado e magia agora. por muito que me esforce, a vontade de encontrar o alojamento perfeito ou os locais mais bonitos para visitar não é nada comparada com a vontade que existiu um dia. há coisas que só fazem sentido de uma determinada forma, num dado contexto e com uma pessoa. este era o ano em que tudo iria fazer sentido, em que os sonhos, todos os sonhos, iriam tomar forma. até que o chão fugiu debaixo dos pés e adiou para sempre todas as viagens. as que nos levariam a todos os cantos do mundo. e, sobretudo, as mais importantes: as de todos os dias, que elevam e constroem uma vida a dois, num só.

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