10 anos é muito tempo

há dez anos, eu entrava na Antena 1 para uma entrevista de estágio. não sabia bem o que esperar, porque nunca tinha trabalhado, e a única certeza que levava era a de absorver tudo, o mais possível, naqueles três meses, que rapidamente passaram a seis. passei por muitos programas, de estúdio ou ao vivo, em direto ou gravados. conheci muitas pessoas, algumas tenho a sorte de levar pela vida fora e isso é, sem dúvida, o melhor que o meu trabalho me dá. com todas elas aprendi alguma coisa. às vezes (mais do que gostaria), quando me demonstram aquilo que não se deve ser e a forma como não se deve estar na vida. o tempo ensinou-me que o mais importante não são as tarefas que fazemos, mas a postura que adoptamos perante as dificuldades. ensinou-me também que é essencial relativizar e não dar demasiada importância ao "ruído". mas, acima de tudo, demonstrou-me que o principal são as pessoas e que, independentemente de cargos ou hierarquias, precisamos todos uns dos outros, porque o caminho - na rádio como na vida - não se faz sozinho. resumindo, tratar bem sem olhar a quem. ser humilde e saber ouvir. aceitar as críticas más com o mesmo espírito aberto com que escutamos as boas (work in progress).
não faço só o que gosto, mas aprendi (um ensinamento que os meus pais sempre me incutiram) que o importante é fazer sempre o melhor que sabemos. dizia eu, não faço tudo o que gosto, mas gosto muito da maior parte das coisas que faço. reconheço que a sorte tem estado do meu lado, que a responsabilidade crescente que me tem sido exigida é fruto da confiança que depositam em mim. também trabalho para isso.
fico sempre com borboletas na barriga com um novo projeto, um novo programa, um novo colaborador. enervo-me como se fosse a primeira vez. tenho medo, muito medo, de falhar e de não corresponder às expectativas de algumas pessoas. mas, a par disso, e apesar destes dez anos, tenho o entusiasmo próprio de quem ainda tem tanto para aprender e descobrir.
numa adaptação livre de uma rubrica de rádio, "dez anos é muito tempo". mas arrisco-me a dizer que de (quase) todos os momentos retirei algum ensinamento. para o bem e para o mal, (quase) todos valeram a pena. e enquanto esse for o mote para me levantar todos os dias, o mundo gira no sentido certo.

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