Paris somos todos nós

da mesma forma que todos nos lembramos onde estávamos, com quem e o que estávamos a fazer no dia 11 de setembro de 2001, quando dois aviões embateram nas Torres Gémeas, em Nova Iorque, acredito que a maior parte de nós se recordará para sempre do momento em que se apercebeu de que Paris estava a ser alvo de atentados terroristas, na passada sexta feira, 13 de novembro.
a par dos melhores momentos das nossas vidas, estes, que mudam irreversivelmente o curso do mundo, acabam por definir também a forma como nós próprios olhamos para ele e nos posicionamos perante a vida. desde sexta feira à noite, quando tudo começou, estava eu colada à televisão, a assistir à guerra em direto (um conceito tão estranho agora, porque o próprio conceito de guerra mudou, mas tão antigo quanto a Guerra do Iraque), que em vários momentos ao longo do dia me pergunto e se fosse aqui?. no trabalho, em casa, numa sala de cinema, num qualquer espaço público. tornou-se inevitável e sobretudo incontrolável imaginar que estamos todos à mercê de um qualquer fanático (que, digam o que disserem, não é religioso ou político, é apenas bárbaro e sem nenhuma ligação à vida; um triste que não conhece amor nem amizade, que não cria laços, que não devia sequer ter o estatuto de ser humano), um suicida e/ou homicida que, num momento de loucura, muda para sempre a vida de famílias inteiras. e do mundo tal como o conhecemos.
acredito que muito daquilo que vemos e presenciamos por estes dias nos torna pessoas mais atentas, mas também mais cautelosas e com medo de viver. olhar por cima do ombro, desconfiar do vizinho do lado, temer os locais de diversão, evitar locais públicos, recear ataques biológicos são novas realidades que devemos combater, todos os dias, dentro e fora de casa. porque o mundo não deve ser um lugar perigoso para viver. mas, podendo ser, a espaços, por estes dias, manter a normalidade é a única forma de mantermos a nossa sanidade e a dos que nos rodeiam.

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