dos filmes de que eu gosto

fim de semana que se preze tem de ter cinema. sobretudo se for um fim de semana prolongado. o meu teve três, qual deles o mais triste. 

The Lady in the Van é protagonizado pela lendária Maggie Smith e, só por isso, já valeria a pena. mas o filme é mesmo bom, tem um elenco fantástico e um sotaque british maravilhoso, que dá uma graça especial à história, já para não falar dos cenários. é a história de uma senhora já velha - e entretanto passam-se 15 anos -, que foi uma freira, mas a quem essa vocação custou uma outra: a paixão pela música. por um triste acontecimento, Miss Shepherd acaba a viver na sua furgoneta e, sem querer, descobre num morador da rua onde estaciona a família que perdeu. ternurento, com um subtil humor britânico, mas também com uma forte carga emocional, que nos faz inevitavelmente pensar na velhice, nos sonhos que perdemos ao longo do caminho, nas desistências que nos corroem pela vida fora, nos ses com que nos permitimos viver. sem dúvida, um filme para digerir devagar.



todos os filmes baseados em livros de Nicholas Sparks garantem à partida uma sessão de choro. mesmo que não se goste da escrita, que é o meu caso, há que reconhecer que, passando para o ecrã, as histórias se tornam irresistíveis, pelo menos para quem goste de filmes lamechas que façam sonhar. The Longest Ride é um filme recente, de que eu nunca tinha ouvido falar até há uns dias. peguei num pacote de lenços e dediquei-lhe a noite de sábado, sabendo de antemão que estavam reunidos os ingredientes para me emocionar: o drama do argumento, com duas bonitas histórias de amor e a ligação afetiva a quem mo recomendou. 
a história é simples, como são sempre as histórias de Nicholas Sparks - e talvez seja esse o segredo do seu sucesso: dois jovens de mundos distintos apaixonam-se, mas o facto de serem de realidades tão distantes condena aparentemente à partida o seu amor. pelo meio, apegam-se a um velho a quem salvam a vida, que lhes conta a sua própria história de amor, porventura indiciando que o superar das dificuldades é o garante de uma relação saudável e duradoura. 


por último, um filme de 2009, que gravei há dias nem sei bem porquê, creio que por ter o Robert De Niro como protagonista: Everybody's Fine. de vez em quando, dou por mim a ver filmes e a identificar neles alguma parte da minha vida. foi o que aconteceu com este, o que acabou por não evitar uma ou outra lágrima.
um homem, viúvo há pouco tempo, tenta juntar os filhos em sua casa, agora enorme e sempre vazia. na impossibilidade de o visitarem - por razões que vão sendo reveladas ao longo do filme -, ele parte numa viagem para surpreender cada um deles. o que seria uma forma de reunir a família, acaba por se tornar um percurso doloroso para todos, que revela afinal muito mais do que aquilo que cada um gostaria e que, até o pai ficar viúvo, era encoberto pela mãe. uma história que pode ser - ainda que parcialmente - a de tantas famílias que conhecemos. nem de propósito, cruzei-me ontem com este texto.

Comentários

Dulce disse…
Olá, bom dia!
Fiquei com imensa vontade de ver o filme com a Maggie Smith, assim como o filme com o Robert de Niro.
Uma das coisas que mais me custa, à medida que vou envelhecendo ( estou quase com 40 anos) é o desaparecimento das pessoas que fizeram parte da minha infância e adolescência. A geração dos meus avós já partiu toda e agora a dos meus pais começa a adoecer e a falecer, como foi o caso do meu pai que faleceu com cancro há 7 meses.
É muito doloroso passar por esta perda mas também é muito muito triste ver a nossa mãe sozinha sem o seu companheiro de uma vida. É toda uma nova realidade que nos obriga a descobrir um lado em nós até agora desconhecido, a de cuidador. Embora seja mãe, é completamente diferente cuidar de uma mãe num momneto tão desvastador e sensível como este pelo qual ela e nós, enquanto filhas, atravessamos.
Obrigada pelo texto da Laurinda, sempre tão inspiradora e assertiva.( que saudades da revista Xis!)
Obrigada
Beijinhos
Enjoy the Ride disse…
Dulce, nem sei bem como responder a esse comentário, que me comoveu. acho que nunca nada nos prepara para esse momento em que temos de ser cuidadores. mas acredito sinceramente que não deve haver melhor sensação para um pai/mãe do que perceber que tem o amparo das pessoas mais importantes da sua vida, os filhos. claro que isso não apaga toda a tristeza que a vida lhes possa trazer, mas é certamente um consolo para a nova realidade com que se deparam. não há nada que corte mais o coração do que ver pessoas deixadas ao abandono, seja numa instituição, seja nas suas próprias casas.
o que quer que o futuro vos traga, Dulce, que seja infinitamente melhor do que os últimos meses. um beijinho.
Dulce disse…
Obrigada :*