os dias assim

uma das coisas de que mais gosto no meu trabalho são os dias sem horas para acabar, que passam num ritmo alucinante e em que é preciso agir e responder com rapidez àquilo que acontece. infelizmente, não pelos melhores motivos, ontem foi um desses dias. 
de repente, tudo muda: é preciso pesquisar, ir ao arquivo, encontrar sons, ouvi-los a todos com cuidado, para que nada seja descontextualizado, escrever textos; é preciso criar pontes, ser criativo, imediato e eficaz. sei que tenho ainda um longo caminho pela frente até chegar ao ponto em que tudo é automático. mas ontem senti-me útil e contente por ter tratado um assunto delicado da melhor forma que sabia, por ter sugerido e a ideia ter sido aceite, por não ter tido horas para sair e isso me ter feito sentir realizada. 

as empresas tendem a esquecer-se de motivar os seus colaboradores e, na espuma dos dias, isso perde-se frequentemente. gosto dos dias rotineiros, em que sei o que tenho de fazer e o que me espera, em que o que está programado na agenda não foge muito do que a realidade traz. mas, em doses moderadas, gosto infinitamente mais da azáfama do inesperado (sobretudo se o motivo for alegre), do improviso, de fazer acontecer o que não estava previsto. sinto-me inteira a contribuir, a fazer o trabalho inteligente de que tantas vezes me queixo não ter, motivada e a crescer. 
no trabalho, como na vida, não são os dias banais que nos acrescentem conhecimento; não é no porto seguro de uma secretária que a experiência aumenta. é antes fora da nossa zona de conforto, que nos desafia e faz com que tenhamos de ser melhores. e eu gosto de ser cada vez melhor, mais completa, mais profissional. 
o dia de ontem não foi um dia feliz para a cultura nacional. mas acho que, em equipa, a minha rádio soube dignificá-lo da melhor forma. e eu tenho muito orgulho em ter contribuído para isso.

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