Truth

ao contrário de Spotlight, aqui os bons não ganham no fim. talvez por isso, Truth seja (mais) uma reflexão profunda sobre o jornalismo e a forma como os processos de investigação, apuramento e divulgação da verdade devem sobreviver às políticas e aos mecanismos para a manobrar. tendemos é a esquecer-nos de que os jornalistas são pessoas. e, como tal, cometem erros. 
o caso que abalou o jornalismo americano, em 2004, é retratado aqui do ponto de vista de Mary Mapes, a produtora do programa 60 Minutes, que começou uma investigação sobre o alegado favorecimento de George W. Bush no seu serviço militar, que o afastou da Guerra do Vietname. o caso acabou por se desviar dos factos iniciais, porque a veracidade das fontes e dos documentos apresentados como provas foi questionada, acabando por arruinar a carreira de Mapes e de Dan Rather, pivot da CBS durante várias décadas. 
a verdade a todo o custo ou os interesses das organizações empregadoras primeiro? ter tempo para averiguar e sustentar uma boa história ou divulgá-la e deixar que o seu foco se perca no ruído da (des)informação que a rodeia?
talvez seja porque o tema me interessa particularmente, por ser do meio, que adorei esta adaptação ao cinema de mais uma história verídica: a reflexão do jornalismo enquanto tal, mas que, no limite, podemos extrapolar para aquilo que é o estado atual do país e do mundo. o filme é magnífico e merece muito mais reflexões do que aquelas duas horas no ecrã do cinema.


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