as ondas

se me pedissem para escolher o meu som favorito no mundo, não hesitaria: escolhia o som do mar, daquelas ondas pequeninas que se enrolam na areia, ali mesmo à beira, quando molhamos os pés na praia.
este é um daqueles fins de semana que custa mesmo a guardar e seguir em frente, porque teve tanto de bom, que é difícil deixá-lo para trás. um fim de semana que começou com o espetáculo do Luís Franco Bastos, no Coliseu, espetáculo esse que terminou com um momento emotivo e absolutamente esmagador: o obrigada aos Pais, que já não podem estar presentes, pelo menos fisicamente. depois de quase uma hora e meia a rir sem parar, um daqueles momentos inesperados e que nos deixam com a lágrima no canto do olho.




ontem, foi dia de Rui Massena, no CCB. não sei o que se passa comigo e com os pianos, mas é raro o concerto em que não acabo emocionada, com as lágrimas a cair. foi o que aconteceu aos primeiros acordes desta música. não é nova e, talvez por isso, a associe a tantas memórias e flashes, fotografias a passar pelo meu pensamento, como se me pudesse ver de fora, feliz, naqueles pedaços de alegria que já não é e que só posso trazer comigo no peito. momentos perfeitos, que fazem parte da minha história e que se tornam dolorosos, se pensar que não se repetirão. há sempre a música, uma banda sonora de conforto, para ouvir de todas as vezes que a saudade aperta. ou que é preciso alento. ou um abraço.
a banda sonora certa ou as ondas do mar. percorrer o paredão, ao final da tarde, ainda com o sol quente a aquecer o corpo. sentar um pouco, sem a música, a deixar que o som do mar aqueça a alma. deitar à água tudo o que magoa e que não cabe no caminho, sorrir perante as coisas boas que a vida vai trazendo em parcelas. ficar a ouvir este som, das ondas pequeninas, é o mais extraordinário calmante e o afago para atenuar os efeitos da semana que amanhã começa.

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