estado do tempo para hoje

não sou - nunca fui - muito expansiva nas minhas relações. sou extrovertida q.b., mas tenho uma espécie de barreira, que não me permite acolher grande parte das pessoas que vou conhecendo no meu círculo mais íntimo. graficamente falando, imagino uma espécie de uma bolha, onde só entra uma mão cheia de pessoas (talvez nem isso) a quem confio total, absoluta e abertamente as minhas preocupações. não é feito propositadamente, sou assim e pronto. não é defeito, é feitio.

ao longo do tempo, a vida tem tentado ensinar-me - sem grande sucesso, por vezes, porque sou de compreensão lenta - que nem todas as pessoas são confiáveis, que nem todas as pessoas nos retribuem na medida em que lhes damos. quando me desiludo com alguém, fico satisfeita por ser assim, sacudida, como me costumam chamar. isso não significa que não sinta, mas apenas que não demonstro. é uma defesa como outra qualquer. só que também não sei esconder e acho que isso por vezes me penaliza. se alguma coisa não me agrada - sobretudo a ingratidão e a falta de cuidado -, a minha reação natural e instantânea é afastar-me. lido muito mal com a hipocrisia e com o oportunismo e, infelizmente, não encontrei ainda um mecanismo que me permita passar por cima das coisas como se elas não me afetassem ou não existissem. 
esta semana está provavelmente no top das piores semanas dos últimos oito anos. não falo sobre isso, mas sinto. e penso, penso muito, o que não é habitual em mim. por vezes dou comigo a considerar se não guardo demasiado, se não engulo demasiados sapos (logo eu, que não sou de me ficar), se não calo o que devia falar. imagino-me daqui a uns anos a explodir ou a tomar medicamentos, de tanto que reprimo. com a cabeça cheia de nada - ou de tudo o que fui acumulando. como agora, em que devia hierarquizar o que é mais premente e inadiável, mas não sei bem como dar prioridade ao que é urgente. uma daquelas semanas em que há muito a acontecer e não sei bem para que lado me virar. dias em que quero acudir a todos e dizer alguma coisa que conforte, mas não sei fazê-lo. nem o que dizer. e depois tenho de me manter à tona, também eu com as minhas coisas, com as quais já devia saber lidar e não sei. 
a minha cabeça parece um remoinho, um turbilhão, onde paira invariavelmente a ideia de que a seguir à bonança vem sempre uma tempestade. que saibamos todos atravessá-la sem grandes danos, é apenas o que peço e desejo. ou, se não for pedir demais, que seja apenas chuva passageira.

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