desacelerar

gosto muito desta ideia de abrandar. não sei como é que chegámos a este ponto esquizofrénico de vivermos alienados em frente a um monitor - grande ou pequeno, não importa. mas a verdade é que, mesmo sendo do tempo em que não tinha computador em casa e a internet era um bicho desconhecido, já não imagino a vida sem interações constantes e internet disponível a toda a hora, à distância de um clic num telemóvel que vai na mala. ou na mão, tantas vezes. é um péssimo hábito, mas dou por mim a recorrer a ele a toda a hora, para esclarecer uma dúvida momentânea que surgiu no trabalho, para procurar uma receita que alguém me pede, para publicar uma story no Instagram, para pesquisar voos quando se fala em férias, para fazer uma encomenda online, para saber a meteorologia ou simplesmente para ver as horas (quando é que deixámos de usar relógio?). é viciante e, viciada me confesso, não sei como parar. de vez em quando, vou tentando deixar o telefone longe, sobretudo às refeições, quando estou sozinha, ou quando chego a casa, mas há sempre pensamentos soltos na minha cabeça que precisam com urgência de pesquisa cibernética. :) 
resultado: sinto que a minha memória, já de si fraquinha, está cada vez pior. sinto que perco demasiado tempo a viver de menos, a não olhar à volta, a não apreciar os momentos. esta entrevista à autora Brooke Mcalary parte de uma experiência que não é a minha, uma grave depressão pós-parto, mas a base que a levou a isso é comum a tantas pessoas: ter a vida - e a casa e o pensamento - cheia de informação desnecessária, numa correria permanente, a sentir que não se faz nada bem porque se quer chegar a todo o lado, acudir a toda a gente, experienciar tudo o que existe, ser a pessoa perfeita. só que não somos. e quanto mais depressa o aceitarmos, mais depressa começamos a viver e a estar. no verdadeiro sentido das palavras.
por isso, ler esta entrevista - consegui ler tudo de seguida, sem interrupções! - e saber da existência deste livro (provavelmente já passei por ele na livraria e nem olhei) deu-me algumas pistas para aquilo em que gostaria que a minha vida se tornasse, mais tranquila e assente na premissa de que menos é mais.


Comentários

Diana R. disse…
Também li esta entrevista tendo posteriormente comprado o livro. Gostei muito. É de fácil leitura.
Vanessa Casais disse…
Tão verdade. Vou procurar o livro. Obrigada pela dica.