Berlim

gosto muito de viajar. ou melhor, viajar é a coisa que mais gosto de fazer. podia bem ser viajante profissional e era (mais) feliz. nem sempre a conta ajuda, mas sonhar faz bem e, por isso, uso muito do meu tempo livre para pesquisar lugares onde gostava de ir ou oportunidades em que não tinha pensado, mas que surgem inesperadamente, voos, alojamentos. muitas vezes, o mote é um concerto: procuro as digressões das bandas de que gosto para ver se tocam nalguma cidade que quero conhecer e junto ambas as coisas. por saberem desta minha paixão, tem sido frequente os meus amigos e familiares pedirem-me dicas para as suas próprias viagens. no regresso das minhas, habituei-me a fazer uma espécie de guia que guardo para estes pedidos. 
recentemente, recordei a minha viagem a Berlim - que não teve nenhum concerto -, há quase um ano e meio, porque tenho um amigo que vai agora pela primeira vez. já tinha falado brevemente sobre ela, mas pensei que a podia partilhar, porque pode ser útil para mais alguém.
foi uma decisão quase em cima da hora, uma viagem ali no meio das férias de verão. surpreendentemente, conseguimos voos baratos, tínhamos alojamento e portanto foi só ir, sem planos, para aproveitar bem o espírito descontraído das férias. à noite, em casa, pegávamos no mapa e escolhíamos a zona da cidade que íamos ver no dia seguinte, tentando explorar o máximo possível em cada uma. deixo-vos os links dos sítios por onde andámos e mais algumas referências de locais que acabámos por não visitar e que ficaram guardados para a próxima ida a Berlim. que, sim, vai ter de acontecer porque, contra todas as minhas expectativas, adorei a cidade.

Transportes
neste link, encontram informação útil sobre a rede de transportes; a cidade está dividida em 3 zonas (A/B/C) e é fácil, tendo em conta o vosso plano, perceber quais os bilhetes que mais vos compensam; o aeroporto de Schönefeld é na zona C, Potsdam também (pareceu-me muito bonito, mas optámos por deixar de fora).

Os meus all time favorites da cidade

Holocaust Memorial - não há muito a dizer, a atmosfera deste lugar (se não andarem lá macaquinhos aos saltos, a profanar o seu simbolismo) fala por si, é mesmo especial;



Berliner Unterwlten - é uma espécie de museu subterrâneo, através dos túneis e bunkers da II Guerra; são os únicos que se mantêm praticamente intactos, porque ficam por baixo das linhas do comboio e, à época, não interessava nem aos Aliados nem aos alemães destruir as redes de transportes e comunicações; tem várias visitas, todas diferentes; eu fiz o percurso 1 com uma guia extraordinária;


Museum Für Naturkunde (ou Museu de História Natural) - gostei muito mais deste do que do de Londres;



East Side Gallery - 1,3 km do Muro de Berlim, que não foi destruído, transformou-se num mural pela liberdade, com mais de 100 pinturas que se tornaram statements de visões artísticas e movimentos políticos.



O que (eu acho que também) é obrigatório:

Alexanderplatz: é a praça principal, onde vão dar todos os transportes e serve de referência para quase tudo;

Fernsehturm - é a Torre de TV; dá para subir e ver a vista sobre a cidade, pagando; vale muito a pena;


Berliner Dom - catedral de Berlim; tem uma galeria lá no alto para ver a vista, depois de se subir 267 degraus; essa subida é paga, não fui por convicções cá minhas;

Rio Spree - é difícil não o verem; nas tardes de verão, é comum ver-se muita gente sentada na relva, à beira rio, a beber um copo e a conversar; o preço do passeio de barco fica em cerca de 14€; 

Checkpoint Charlie - uma das portas/fronteiras que separava as duas áreas da cidade, durante a Guerra Fria;


Topographie des Terrors - é um museu gratuito ao ar livre, no lugar onde estavam sediadas as maiores instituições da Alemanha nazi (a sede da Gestapo e o comando central das SS);

Brandenburg Gate - outro dos símbolos de divisão no período da Guerra Fria;


Reichstag - parlamento alemão; tem uma cúpula de vidro e um terraço que podem ser visitados gratuitamente, mas tem de ser feita uma reserva online antecipada; 


Zoo e Aquário de Berlim - mesmo sem crianças, que era o nosso caso, a visita vale mesmo a pena; chegámos por volta do meio dia, saímos quando nos expulsaram e mesmo assim só vimos brevemente o aquário;


Postdamer Platz - uma das praças mais importantes da cidade, representa a vida cultural e social de Berlim; tem ótimos restaurantes;

* Estádio Olímpico - long story short, pusemo-nos ao caminho no final de uma tarde em que já tínhamos andado cerca de 15 km a pé; foram só mais 9... em 3h30; a experiência foi assustadora (mas, vista à distância, uma das mais divertidas), porque a entrada para o estádio é numa praça gigantesca vazia e escura e o próprio estádio também não tem iluminação; assim que chegámos, começou a cair uma chuvinha de verão que durou dois ou três minutos, parecia mesmo uma cena de filme; à meia noite, o acesso ao metro (claro que regressámos de transportes, doidos mas não completamente) é feito através de um parque mais escuro ainda, onde eu achei que íamos ser assaltados e nos iam levar os rins, mas não nos cruzámos com ninguém na rua; do estádio ao centro da cidade é cerca de meia hora de metro;



* qualquer parque verde merece a visita demorada, sobretudo no verão, onde se vêem as pessoas deitadas a apanhar a sol, a fazer piqueniques ou simplesmente a passear os animais de estimação ou a correr; adorei o Tiergarten;


* ilha dos museus - acabámos por não ir a nenhum, porque estava tão bom tempo, que não quisemos ter mais atividades indoor do que as obrigatórias;


Pergamon Museum - fica na ilha dos museus; demorou 20 anos a ser construído e alberga coleções importantes da Grécia Antiga, Roma ou arte islâmica; diz quem conhece bem a cidade que é um dos museus mais importantes, mas que é preciso tempo para o ver;

German Historical Museum - com exposições temporárias;  

Neues Museum - também fica na ilha dos museus; construído no final do século XIX, foi fechado no início da II Guerra e parcialmente destruído com os bombardeamentos sobre a cidade; inclui coleções e tesouros do Antigo Egipto e o busto da rainha egípcia Nefertiti;

Kulturforum - zona onde se encontra um conjunto de monumentos, que inclui galerias, bibliotecas, salas de música/espetáculos, mais museus e um jardim lindo, onde há concertos, no verão; a entrada é gratuita.



Onde comer

* na Sony Center (Postdamer Platz), há uma série de esplanadas com gelados, comida italiana, hambúrgueres (acho que comemos no Alex, que tinha umas batatas fritas maravilhosas), a dificuldade é escolher;

* este restaurante é tipicamente alemão e é sempre recomendado pelo meu primo, que vive em Berlim; é onde ele leva todas as visitas que recebe;

* ao lado do museu subterrâneo dos bunkers, há um italiano que encontrámos por acaso à saída da visita guiada; é barato e a comida é ótima; se estiver bom tempo, a esplanada é uma boa opção; chama-se Bella Italia (pois claro);

* pela cidade encontram vários kebabs, italianos e indianos, simples mas todos com preços acessíveis; muitas vezes, em viagem, o que queremos é qualquer coisa rápida só para seguir caminho.

ah, não percam também a oportunidade de tirar fotos com os milhares de ursos espalhados pela cidade. :)



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