sem palavras abril 03, 2019 Obter link Facebook X Pinterest Email Outras aplicações Tinha 14 anos, nascera no Mali e era um bom aluno – o que o levou a pensar que essas boas notas da escola o ajudariam a provar o seu valor quando chegasse à Europa. Dobrou as folhas cuidadosamente e coseu-as a um bolso do forro do casaco, para que não se perdessem. Estávamos a 18 de abril de 2015. Naquela noite, a traineira em que embarcara afundou ao largo da costa da Líbia, engolindo os sonhos desse menino e de outras mil pessoas. Foi "só" o maior naufrágio dos últimos anos. “Nem imaginamos a expetativa que teria para ter guardado com tanto cuidado um documento que o reconhecia como um menino esforçado, acreditanto que isso lhe abriria portas em alguma escola italiana ou europeia. Ficou tudo reduzido a um papel empapado”, comentaria depois a médico legista Cristina Cattaneo, líder da equipa do laboratório forense de Milão que analisaria aquele corpo sem vida durante um ano para lhe tentar dar uma identidade – mas sem sucesso. [como é que seguimos com a nossa vida depois de ler isto...?] Comentários
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