paranóica? eu?

embora seja pouco perceptível, sou uma pessoa muito acelerada. quase tudo me enerva ou causa ansiedade [sobretudo a humanidade]. profissionalmente, o que me deixa mais desconfortável é pensar que posso não cumprir um prazo; no entanto, e contrariamente ao que seria de esperar, deixo quase tudo para a última hora, porque trabalho melhor sob pressão. também me acontece organizar a minha vida de acordo com o número de horas que tenho para dormir: a hora de jantar, o tempo que tenho para ver uma série ou para ler, até a hora de deitar. mas acho que o pior é cumprir horários: tenho pânico de não chegar a horas, fazer pessoas esperarem por mim quando combinamos alguma coisa; basta que seja um ligeiro atraso numa boleia ou num jantar, fico paranóica. então, passo a vida a fazer mil contas de cabeça para não falhar, contando sempre com imprevistos, trânsito, tempo que demoro a arranjar estacionamento, descer uma rua a pé e por aí adiante. [agora que escrevo isto, percebo que está ao nível da doença!]
podem parecer coisas pequenas, mas se as somarmos ao longo da vida é muito cansativo, especialmente com a vida agitada que todos levamos e com a infinidade de tempo que às vezes levamos para chegar de um ponto ao outro da cidade. no meu caso, que vivo a quase 30 quilómetros do trabalho e que há trânsito a quase todas as horas, é um stress acrescido na minha cabeça ansiosa e paranóica. mas nada disto transparece para as outras pessoas, está tudo dentro do meu pequeno cérebro louco. 
na tentativa de combater esta velocidade permanente e incontrolável, comecei a usar duas apps no telemóvel para meditar: Calm e Insight Timer, cada uma a seu tempo. embora um pouco céptica - não nas apps, mas em mim, por achar que não conseguiria meditar - percebi que com treino e concentração, por pouco tempo que seja, conseguimos sempre algum resultado. gostei de ambas, não consigo escolher a melhor. utilizo-as sempre antes de dormir, são dez minutos em que de facto eu sinto que consigo parar. mas não era suficiente. então, comecei à procura de aulas de yoga. encontrei o Bahhda Yoga, na Parede. fiz uma aula à experiência e logo aí tive uma grande empatia com a professora. resultado: há um mês e meio que, religiosamente, tenho aulas duas vezes por semana e adoro. são duas horas semanais em que não penso em mais nada, porque toda a concentração exigida está canalizada para aquele espaço e para a consciência do corpo e da respiração. somos poucos nas aulas, o que significa que há uma maior atenção para nos corrigir as posturas e para que exista uma maior interação e foco.
a cereja no topo do bolo: saio de lá bastante zen, a ponto de nem ligar o rádio no carro ou em casa, quando me vou arranjar para o trabalho (eu ando sempre, mas sempre, com podcasts ou banda sonora nos ouvidos). perguntaram-me há dias que tipo de yoga era. confesso que não sei quase nada sobre isso, só o que vou aprendendo nas aulas. sei que é o hatha yoga e que, além de me deixar muito relaxada, trabalha o corpo de forma suportável e suave, tendo em atenção todas as minhas limitações, nomeadamente a minha coluna de velhinha já operada.
não há uma fórmula mágica e ainda estou muito, mas muito longe de ser uma pessoa tranquila e sem ansiedades. mas estas duas coisas funcionam comigo. acredito que seja necessário tempo e treino para ter resultados mais visíveis. mas pelo menos já quebrei a minha própria inércia e fui à procura, o que é uma pequena vitória.

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