férias III

todos os planos de férias, faça chuva ou faça sol, sejam mais a norte ou mais a sul, litoral ou interior, praia ou campo, incluem alimentação. confesso que, com exceção feita a um restaurante em Aljezur a que tinha ido há uns anos e de que tinha muito boas memórias - e por isso queria voltar -, não tinha grandes expectativas. o nosso alojamento só servia pequeno almoço e, como não pesquisámos mais nada antes de nos fazermos à estrada, fomos um pouco ao sabor do vento. correu lindamente e compensou largamente o facto de a meteorologia não ter colaborado.
Vale da Telha é um sítio completamente insuspeito e pelo qual eu não dava muito, no que à restauração diz respeito. mas enganei-me e bem. há muitos estrangeiros a fixarem-se por ali e uma das formas de subsistirem é abrindo restaurantes. uma das características comuns a todos foi o serviço eficiente, disponível e simpático. felizmente, a Costa Vicentina ainda escapa àquele Algarve apenas para turistas, onde os portugueses são tratados com indiferença. não sei se foi por estarmos de férias e estarmos num ambiente mais relaxado, mas tivemos mesmo ótimas experiências gastronómicas. deixo-vos os sítios mais surpreendentes e deliciosos [algumas fotografias não são as melhores, porque foram tiradas com o telemóvel, mas dá para ter uma ideia].

foi o sítio mais estranho por onde passámos. ao entrar, sentimo-nos em casa de alguém, mas alguém muito desarrumado. isto porque a sala de refeições parece uma sala de estar, com aqueles móveis antigos do chão até ao tecto, onde há centenas de livros e dezenas de jogos de tabuleiro empilhados sem grande ordem e misturados com galheteiros e saleiros. mas depois o dono (libanês? marroquino? turco?) é uma simpatia e a comida é ótima. pedimos dois kebabs XL, um de frango e o outro vegetariano, que vinham muito bem recheados e estavam deliciosos. acompanhámos com um chá de menta apanhada na mini horta que há na esplanada. é uma experiência, sem dúvida. em bom.








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passámos todos os dias pela placa que indicava este restaurante, mas, como não percebemos de que se tratava, só nos aventurámos no último dia, depois de pesquisarmos na net. se a dada altura acharem que estão no meio do nada, provavelmente estão mesmo à porta. o restaurante fica num terreno que deverá ter sido uma quinta, mas só se dá por ele pela placa cá fora. foi a minha primeira vez num peruano e só vos digo: se a comida no Peru for assim, estou a ponderar um voo para breve. o espaço é muito giro, com reaproveitamento de mesas e cadeiras e com uma esplanada muito acolhedora. desta vez, escolhemos três pratos para dividir, para podermos provar de tudo: o ceviche era tudo de bom, embora o burrito de carne não ficasse nada atrás; mas o que me conquistou mesmo foi o lomo saltado com batatas, que tem um molho divinal. a sangria não era nada de especial, devíamos ter provado o pisco sour, que é a especialidade. já não houve espaço para a sobremesa.








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foi a nossa primeira paragem, ainda no caminho. tenho um colega do Rogil, que passa a vida a gabar este sítio, por isso tivemos de parar para lanchar. sabem aqueles sítios onde entramos e têm uma montra cheia de bolos com tão bom aspeto que apetece provar todos? é assim o Pão do Rogil. o pão é ótimo, os bolos são ótimos, suponho que os biscoitos também (trouxemos para oferecer). há de todas as variedades, incluindo alfarroba, batata doce e amêndoa, tão típicos desta zona, e têm imensos produtos gourmet. também servem refeições ligeiras ao almoço, como sopas e saladas. achei, ainda assim, um pouco caro, tendo em conta que se trata de uma padaria/pastelaria.

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há um quadro de ardósia logo à entrada que diz que a massa das pizzas é sourdough, uma massa que, ao que parece, é mais leve e fermentada com culturas de bactérias probióticas. se é mais saudável ou não que a massa tradicional não sei. mas a verdade é que pedimos uma pizza por pessoa e ninguém ficou com aquela sensação de enfartamento. as pizzas são cozidas em forno de lenha e são muito saborosas. mas uma pizza tinha dado perfeitamente para dividir por duas pessoas. ah, não peçam chá de limão: trazem-vos uma chávena com água a ferver e duas rodelas de limão lá dentro.



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estive lá há mais de dez anos e nunca mais me esqueci daquele almoço, por isso, assim que programámos o local de férias, ficou logo assente que tinha de lá voltar. fica mesmo no centro de Aljezur, é um espaço pequeno e costuma estar cheio, mas vale bem a espera, se for caso disso. como naquela altura, pedi novamente cação com batata doce e pimento, uma espécie de caldeirada de ir ao céu e voltar. ainda ponderei não pedir sobremesa, porque estava cheia, mas andei tanto tempo a sonhar com aquela torta de batata doce e coco, que foi inevitável (agora que falo nisso, fico outra vez com água na boca). se forem para aqueles lados e só puderem escolher um restaurante, escolham este. 




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é uma hamburgueria gourmet. dito isto, o que é que a diferencia de todas as centenas de hamburguerias gourmet que este país vê abrir todos os dias? tudo. o espaço é explorado por um alemão que se radicou na zona da Arrifana e é o próprio que todas as manhãs faz a massa do pão. como se não bastasse serem ótimos, ainda vêm acompanhados pelas melhores batatas fritas que comi nos últimos meses e de salada, coisa rara nas hamburguerias. acompanhámos com um chá de menta da horta (parece ser regra por aqueles lados) que nos soube pela vida.

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