primeiro agir, depois refletir?

é curiosa a forma como as pessoas, genericamente, reagem de formas tão distintas a um mesmo acontecimento. quando somos crianças, aquilo que nos afeta provoca-nos uma reação imediata: choramos, gritamos, esperneamos, protestamos. mas, depois desse momento de drama, resolvemos a coisa em dois tempos e passamos à frente. quando crescemos, já adultos, e a nossa personalidade se ajusta, vamo-nos apercebendo de que os nossos tempos de reação se alteram e não há duas pessoas iguais. exemplifico: 

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várias pessoas, numa mesma empresa, são confrontadas com uma série de alterações, que lhes são anunciadas ao mesmo tempo. independentemente de se ser mais ou menos otimista, de se ver o copo meio cheio ou meio vazio, há sempre conclusões a tirar. alguns, com um sentido mais prático, ponderam nas mudanças que objetivamente as suas vidas profissionais vão sofrer; outros, mais cautelosos, mais cépticos, processam a informação mais lentamente, eventualmente questionando o porquê de tais mudanças, o momento em que acontecem e a forma como o processo é conduzido, com maior ou menor honestidade e clareza; outros ainda, sem aparentemente perderem muito tempo a pensar no assunto, acabam por se deixar abater quando a ficha lhes cai. 
todos - todos mesmo - sentimos aquilo que nos acontece; não há como passar por cima das coisas, sem que elas nos atinjam. a maneira como isso se processa é que é muitas vezes inesperada, mesmo para nós próprios. uma notícia ou uma mudança que aparentemente não nos diz respeito, pode ficar a marinar nas nossas cabeças, escondida num canto, e vai manifestar-se mais tarde. de que forma? não sabemos. 
viver com a mudança é, para mim, relativamente fácil. adapto-me com facilidade a diversos cenários (alguns bastante duros), sou, por norma, a pessoa facilitadora e descomplicada, com um sentido prático muito apurado, que resolve tudo no imediato. e só mais tarde, quando a poeira assenta, me dou conta do furacão que acabou de passar e que estragos deixou. primeiro resolvo, depois penso. 
pelo contrário, não lido bem com os estilhaços que ficam pelo caminho, com as questões que, consciente ou inconscientemente, acabam por surgir, obrigando-me a questionar e a perceber que o mundo é muito mais complexo do que parece e algumas pessoas infinitamente mais surpreendentes (pela negativa) do que aquilo que (já) esperamos delas. enfim, mais uma série de dias com tanto para aprender e muito pouco, daquilo que realmente importa, para reter.

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