o que não se vê fevereiro 02, 2016 Obter link Facebook X Pinterest Email Outras aplicações «Estou a pensar no ato de não ver, não num sentido passivo mas como qualquer coisa que se procura. Numa situação normal, o que não se vê traduz uma limitação, uma falha. Neste caso é diferente. O que as pessoas desejavam era ver a ausência. (...) Interessa-me o fenómeno mental que está na base disto. Pensar no ser humano como o único animal que se desloca a um sítio para ver uma coisa que não está lá. Que sabe à partida que não vai ver. A nossa prodigiosa capacidade de procurar o nada, a ausência, o vazio. De dar um significado a tudo, sobretudo ao que não está lá, ao que não se vê. A Deus. À vida. Ao amor. À arte. À política. À economia. À justiça. À matemática. Um dos números mais importantes é o zero, a ausência, e ninguém o vê... Como em tudo na vida, o que não se vê é frequentemente tão ou mais importante do que o que se consegue ver. Há uma espécie de parábola que me acompanha há anos e nunca perdeu, para mim, o sentido. Num certo sítio havia um muro onde o profeta, ao passar a mão, deixou um sinal divino qualquer. O muro (claro) estava tapado. E quando as pessoas questionavam e pediam para ver, o guardião do muro perguntava “Acreditas que está lá alguma coisa?”. Se a resposta fosse sim, acredito, o guardião respondia “Se acreditas não precisas de ver!”. Se a resposta fosse não, não acredito, o guardião respondia “Então não precisas de ver!”.» Alexandra Costa in JM, 02 de Fevereiro de 2016 Comentários
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