After Life

conheço pouco do trabalho do Ricky Gervais, mas o suficiente para, à partida, achar que uma série da sua autoria e produção seria uma comédia. de caras. ora, de facto há laivos de comédia negra, bem ao estilo britânico, mas confesso que os seis episódios que compõem a série me fizeram chorar muito mais do que rir. há muito tempo que não via nada em televisão que me marcasse tanto, que fosse tão surpreendente e emotivo. é verdade que muito do que vemos, lemos e vivemos nos afeta de acordo com o momento em que estamos na vida. pode também ser isso. mas não é só. a sensibilidade com que esta mini série foi escrita e filmada revela uma maturidade fora do comum. e exige-a na mesma medida a quem vê, para a poder interpretar. já todos nós passámos por perdas na vida e sabemos o quanto elas doem. nem sempre sabemos o que fazer com isso, como lidar com a ausência, seja ela de que origem for. sendo um cliché, é verdade que o tempo nos ajuda a serenar, a curar (quando é possível), até a aceitar. esta série é exatamente sobre isso: que rumo a dar à vida, quando perdemos o chão? que motivação temos para sair da cama e para onde ir, quando nos falta o essencial, uma parte de nós? é uma história de amor, sim. ou melhor, são várias histórias de amor. mas de amizade também. e da simplicidade complexa (ou será uma simples complexidade?) que é isto de estar vivo e amar alguém. se não puderem ver mais nada esta semana, vejam After Life, a sério.

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